terça-feira, setembro 12

Deve ser intelectual metida a besta!

Nesta semana ocorreu algo um tanto inusitado. Bem, além da suspensão da peça que eu estava dirigindo, me fazendo pensar que está cada vez mais injusta a briga entre a preguiça e o teatro... outra coisa semelhante aconteceu.
Na escola de idiomas em que eu trabalho, uma professora criou um exercício muito bacana sobre objetos e seus donos, estimulando os alunos a descobrir mais sobre os professores da escola. Então ela pediu um objeto pessoal de cada professor e levou para sala de aula fazendo perguntas do tipo: O dono deste objeto, é homem ou mulher? Do que essa pessoa gosta? Quais são seus hábitos diários? E assim vai... Terminada a aula, ela voltou a sala dos professores com as seguintes opiniões: Professora X, por seu objeto, um batom, os alunos dissera que você deveria ser muito vaidosa, bem feminina e bonita. Professor Y, por seu objeto, um cd de rock, os alunos disseram que você deveria ser jovem, alegre, cheio de opiniões sobre as coisas do mundo. Professora ALISSANDRA, por seu objeto, um guia da programação cultural da cidade, os alunos disseram que só poderia ser um intelectual metido a besta! Sabe, daqueles que andam com livros embaixo do braço mas que não lê nenhum.

Uau! Todos riram, mas no fundo alguns ficaram chocados, como eu. Quer dizer que agora, aproveitar meu tempo, meu salário ( agora que eu tenho um decente ) e minha saúde pra aprender coisas, ver coisas interessantes e me divertir com teatro é coisa de intectual metido a besta?

Então minhas consideraçoes sobre a batalha Preguiça X Ir ao Teatro mudou um pouco de sentido. Será que as pessoas não frequentam mais as 200 peças em cartaz em São Paulo, por preguiça de sair de casa, ou porque o teatro ficou tão inatingível em sua função e sentido, que ficou algo obsoleto e reservados a pequenos guetos, chamados agora de Intelectuais Metidos a Besta?

sábado, setembro 9

A peça foi cancelada

Sonho de Louco

Como dói mergulhar no mundo fragmentado, esplodido e ensanguentado de um Louco e Ainda ser capaz de entender cada vírgula, cada pausa, cada gemido de dor.
Tudo começou quando li, não a Li me chamou e disse: Se quiser fazer teatro, é só me falar.
Perdida no tempo, gorda, cansada, rouca eu fui. Conheci o Louco e aí sim que tudo começou.
Não acreditava Ainda na volta, mas lia e brincava de ser verdade. Não tinha entendido Ainda tudo, claro, encadeado, mas suava os desejos de um Louco, por ele, por ela (O Louco e sua mulher, não a musa)
Faltava Ainda a viabilidade. Uma festa frustrante nos embebedou a todos e dissemos que Ainda era possível fazer a vontade do Louco.
Depois daquilo um recomeço, sem madeira nem papel e tinta, sem roupas nem sapatos. Ajuda Ainda não tinha, mas a voz já soava alta e os jogos do Louco eram mais nítidos pra mim.
Veio a ajuda, outras tantas ajudas foram pagas que generosidade tem seu preço, sempre. E a imagem do Louco ficou pronta. Fora do lugar, Ainda isso, como levar o sonho do Louco pro lugar que era certo? (Errado, lugar errado, que seja, porra!!!!) E mais generosidade paga em prestações.
Chegou, é aqui, mas não era assim que a gente tinha sonhado! No papel, assinado pelo Louco, empenhando seu nome e salários que não tinha, não estava escrito que tinha que ser como foi sonhado. – “Fodam-se vocês todos! Que pra fazer pêça, tem que investir... hahahaha”
E o Louco e seu sonho deram as caras a primeira vez (Chama-se estréia, bom que se diga). Uma bosta, erros, escuro, cigarro apagado na única hora que devia não estar, vinho derramado, outro esquecido e Ainda a televisão que não devia estar, mas estava, devia ser lembrada e não foi (Erro meu porra! Também quem manda o Louco me deixar sozinha pra fazer e desfazer todo seu sonho depois de tanto tempo longe?) Ah... esqueci, não de falar desta vez, esqueci de dizer agora que Ainda perdi a cabeça pra fora da luz (Perdoa essa atriz que nunca esteve em foco, por não saber que pra ter cabeça tem que ter luz, perdoa vai, ensina...)
E o primeiro delírio do Louco aconteceu diante duns olhos amigos, medrosos das nossas cagadas, mas muito entusiasmados de ver a brincadeira.
Até um par de olhos viu mais do que o Louco escreveu e quis chegar mais perto, pediu e-mail e hoje olha de pertinho, ora vejam! Obrigada, Louco, tenho que te agradecer muito por isso!
Mas o lugar que era errado espantou, confundiu, deu preguiça e ninguém mais viu a gente brincar.
Agora sobrou um último tanto de generosidade pra gente pagar.
Ainda podemos tentar de novo...
Ainda vamos fazer bonito...
Ainda acreditamos nesse jogo... Nem todos, né.
E eu vi o Louco chorar de dor, por uma página branca que um dia ele teve coragem de riscar.

(Te amo Claudio, culpa da Li)


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