Terraplanagem
Depois de terremotos e demolições é hora de voltar ao terreno e erguer uma nova planta.
Arquiteta-se uma construção reforçada, capaz de suportar os “danos naturais” aos quais estão sujeitos os edifícios construídos nesta região, mas que ao mesmo tempo não seja blindada e possa interagir, talvez até mesmo reagir, aos estímulos das intempéries “ambientais”. Porém, antes de tudo, é preciso limpar o terreno e terraplaná-lo, pois não podemos erguer um empreendimento seguro sobre os destroços de um empreendimento que ruiu. É hora da autocrítica.
O ator é antes de tudo uma pessoa dotada de complexidade psicológica e, portanto, não pode ser visto apenas como executor de idéias teatrais. É necessário entendê-lo, conhecer seus medos e desejos, para desta forma melhor orientá-lo para sua função teatral. O ator deve ser estimulado a pensar a expressão de sua arte. O ator não pode ser apenas replicador de padrões pré-programados, um autômato, pois desta forma a tendência é que seu trabalho entre em uma espiral entrópica. Portanto faz-se fundamental que o ator saiba o porquê está lá, em cada ensaio, em cada apresentação.
Cabe ao diretor coordenar os “porquês” de cada ator e colocá-los a serviço do “porquê” da encenação. O diretor, respeitando a complexidade individual do ator, não pode também negligenciar as relações interpessoais.
Os objetivos devem ser claros para toda a equipe. São necessárias metas, níveis de conquistas, níveis de recompensas. É preciso “amarrar” um caminho para manter todos motivados durante a caminhada. É trabalho de produção, mas é também parte do trabalho do diretor. Ter um calendário de evolução artística é dever do diretor. Ter um calendário de exposição de conquistas é tarefa da produção. Objetivos, passo-a-passo, devem ser plantados durante a concepção do trabalho. A confecção de figurino e cenário, a afinação técnica de luz e som, o equilíbrio cênico, são metas artísticas passiveis de “calendarização” que criam sensação de segurança e progressão. Uma leitura dramática, um ensaio aberto, uma pré-estréia, a estréia, são objetivos claros que determinam prazos e concentram esforços. Metas comuns criam unidade.
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