terça-feira, setembro 12

Deve ser intelectual metida a besta!

Nesta semana ocorreu algo um tanto inusitado. Bem, além da suspensão da peça que eu estava dirigindo, me fazendo pensar que está cada vez mais injusta a briga entre a preguiça e o teatro... outra coisa semelhante aconteceu.
Na escola de idiomas em que eu trabalho, uma professora criou um exercício muito bacana sobre objetos e seus donos, estimulando os alunos a descobrir mais sobre os professores da escola. Então ela pediu um objeto pessoal de cada professor e levou para sala de aula fazendo perguntas do tipo: O dono deste objeto, é homem ou mulher? Do que essa pessoa gosta? Quais são seus hábitos diários? E assim vai... Terminada a aula, ela voltou a sala dos professores com as seguintes opiniões: Professora X, por seu objeto, um batom, os alunos dissera que você deveria ser muito vaidosa, bem feminina e bonita. Professor Y, por seu objeto, um cd de rock, os alunos disseram que você deveria ser jovem, alegre, cheio de opiniões sobre as coisas do mundo. Professora ALISSANDRA, por seu objeto, um guia da programação cultural da cidade, os alunos disseram que só poderia ser um intelectual metido a besta! Sabe, daqueles que andam com livros embaixo do braço mas que não lê nenhum.

Uau! Todos riram, mas no fundo alguns ficaram chocados, como eu. Quer dizer que agora, aproveitar meu tempo, meu salário ( agora que eu tenho um decente ) e minha saúde pra aprender coisas, ver coisas interessantes e me divertir com teatro é coisa de intectual metido a besta?

Então minhas consideraçoes sobre a batalha Preguiça X Ir ao Teatro mudou um pouco de sentido. Será que as pessoas não frequentam mais as 200 peças em cartaz em São Paulo, por preguiça de sair de casa, ou porque o teatro ficou tão inatingível em sua função e sentido, que ficou algo obsoleto e reservados a pequenos guetos, chamados agora de Intelectuais Metidos a Besta?

2 Comments:

At 10:50 AM, Anonymous Anônimo said...

Alissandra
Lembrei de Ortega y Gasset, não sei se serve de consolo ou aumenta a amargura:
"O característico do momento é que a alma vulgar, sabendo-se vulgar, tem o denodo de afirmar o direito á vulgaridade e o impõe onde queira".
Por outro lado, vivemos numa época na qual as epssoas andam tão preocupadas em parecer que são alguma coisa ao invés de realmente serem, de ostentar as insignias de algo que não tem, que acho que não é impossível de compreender ao menos um pouco os alunos, Alissandra, porque eles estão acostumados a ver apenas a representação, não o próprio.
De qualquer forma fiquei contente de estar entre aqueles que fizeram a escolha sábia, venceram a preguiça e foram ver a peça que você dirigiu.

 
At 2:15 AM, Blogger Lord of Erewhon said...

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