quinta-feira, março 2

Num Bosque (Já começou mal pelo título)

Tentei achar um ponto positivo nesta montagem, e sinceramente não encontrei. O diretor Francisco de Assis adapta o texto de Ryonosuke Akutagawa (utilizado também no filme Rashomon, de Kurosawa) e monta com a sua “Cia. Círculo da Miragem” uma peça sem méritos. A direção é um horror (se é que existiu direção), os atores são todos ruins (não se salva um sequer, mas a culpa disto também é da direção), a iluminação é mal utilizada (criatividade despropositada e utilização de clichês), não existe cenário (o que não seria defeito se a iluminação não fosse tão cheia de vontades), e para findar, a peça consegue tornar um bom texto e uma boa estrutura dramática em algo ridículo que esbarra na comicidade da mediocridade.

O mais triste é constatar que “Num Bosque” não é um caso isolado, mas sim mais uma das porcarias em cartaz. Diretor que não dirige, atores mal preparados, e textos que quando bons são prejudicados pelo conjunto (apesar de também a dramaturgia ser no geral muito fraca na maioria das montagens). Arrisco-me a dizer que 70% das produções em cartaz são porcarias da pior espécie e que 30% é água no deserto. Hoje eu voltei para o meu apartamento com sede.

1 Comments:

At 12:01 AM, Blogger Márcia Nestardo said...

Querido Kagyn.
Sempre que vou ao teatro eu fico aflita no momento em que começa a primeira cena. Torço pela peça, muito mais ainda pelos atores. Me solidarizo com quem se expõe de maneira tão corajosa.
Aconte de se ver, muitas vezes, um espetáculo médio, fraco. E eu luto pra encontrar um ator que salve o conjunto. Redima a classe com uma interpretação visivelmente superior.
Fiquei triste por não ter encontrado isso. Sinceramente, eu me coloco no lugar deles e penso que capacidade eu teria de fazer melhor? É assustador.
Já fiz porcarias também. Uma amiga, muito querida foi me ver um dia, numa comédia de Molliére. Ao final ela me abraçou sorrindo e disse - Quando você fizer Teatro, me chama que eu vou ver.
Não podemos desistir de fazer sempre melhor, de assistir desejando a magia. Ela pode nos faltar também, e algum momento...

 

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